sábado, 26 de abril de 2008

A ODISSÉIA DO SUCESSO


EGIVANILDO TAVARES


Por volta do século IX a.C., Homero, o poeta cego escreveu um dos mais célebres épicos da humanidade, a Odisséia. A Odisséia narra a epopéia do herói grego Odisseu em seu retorno da guerra de Tróia para seu pequeno reino na ilha de Ítaca. Odisseu partiu para guerra e deixou com sua amada esposa Penélope o seu recém nascido Telêmaco. Após dez anos fora de casa e terminada a guerra Odisseu declara para Posêidon, deus do mar, que a sua vitória sobre Tróia era resultado de sua brilhante inteligência (ele foi o idealizador do cavalo de Tróia). Tal insulto a um deus tinha que ser punido, a partir daí, os deuses do Olimpo se reúne para mudar o destino de Odisseu. Quando Odisseu está contemplando a ilha de Ítaca e seus homens começam a festejar, para sua surpresa o inevitável acontece e uma forte tempestade arrasta o barco destinando-o para outra ilha desconhecida. Nesta ilha Odisseu e seus homens enfrentam o Ciclope, um gigante antropofagita de um olho só, mas estrategicamente vence o gigante e sai bem sucedido.


No coração de Odisseu pulsa um forte desejo de chegar a Ítaca e rever sua doce e incomparável Penélope e seu adorável filho: Telêmaco. No desejo de chegar ao seu lar Odisseu aborda na ilha de Circe uma feiticeira que transforma homens em animais, mas com a ajuda da deusa Atena, Odisseu consegue vencer os feitiços de Circe e continua sua navegação. Na busca do caminho para Ítaca, Odisseu vai até o hades, o mundo dos mortos, onde consulta o profeta cego Tirésia que lhe aponta o caminho de volta, mas o preço para chegar lá é alto, ele precisa enfrentar um monstro de seis cabeças que só permitirá a passagem de Odisseu se ele perder seis amigos e ainda enfrentar um terrível redemoinho gigantesco que destruirá o seu barco. Odisseu enfrentou o encanto das sereias, rejeitou a eternidade com a deusa Kalipso para poder chegar ao seu porto desejado: Ítaca. Enfrentou a fúria dos deuses do Olimpo para saber que nenhum sucesso alcançado nesta vida paira em méritos humanos. Após estas inimagináveis tragédias atracou humildemente em Ítaca, a tempo de salvar sua ilha, sua esposa e filho das mãos de uns tiranos que queriam tirar proveito de sua ausência prolongada.


A história de Odisseu representa um pouco do panorama da vida. Todos nós temos algo em comum com esta lendária história. Um pai de família que sai de uma guerra e todo o seu sonho gira em torno de uma pequena ilha, onde está o seu desejável lar. Mas para chegar aonde queremos ou sonhamos, nem sempre conseguimos como planejamos, mas se dependermos de Deus de alguma forma chegaremos aonde Ele quer que cheguemos. O importante é não perdermos a ilha de vista por causa dos imprevisíveis, nem nos entregarmos quando cairmos nas “ilhas dos gigantes” que tentam nos devorar (o inimigo), nem deixar se enfeitiçar pelos encantos do pecado, que roubam a nossa consciência por alguns instantes. Se for preciso temos que enfrentar o próprio hades, ou seja, perigos mortais sem perder o alvo. A perca de companheiros durante a trajetória é algo frustrante para qualquer um, mas jamais devemos nos deixar dominar pelo sentimentalismo e ofuscarmos o alvo. As percas não devem se constituir em desânimo para vida, mas de molas propulsoras que desafiam as nossas limitações e nos impulsionam a descobrir as nossas capacidades dentro da fraqueza. Quem tem um alvo não se deixa seduzir por nada negativo nesta vida, nem se apega a prazeres efêmeros a custa de sacrifícios de prazeres sustentáveis.


Nunca percamos de vista a nossa ilha, nunca nos esqueçamos que sem a ajuda de Deus jamais vamos conseguir. O sucesso de Odisseu foi determinado por seu reconhecimento que sem os “deuses” os homens não são capazes de vencer na vida e na sua auto-afirmação de seguir o seu propósito e resistência às intempéries da vida; ele não as ignorou, mas as enfrentou sem se deixar vencer por nenhuma delas.


A palavra Sucesso é de origem latina successu e significa aquilo que sucede, resultado, parto. Se quisermos ter sucesso na vida, ou seja, ver os resultados de nosso trabalho, precisamos resistir aquilo que não faz parte dos nossos planos e objetivos, o lado oculto da vida que nos surpreende com coisas indesejáveis e inevitáveis, o famoso imprevisível. Jesus disse: “Basta a cada dia o seu ma mal” (Mt 6.34), Ele também afirmou: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). O sábio Salomão disse: “Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio...” (Ec 7.8).


Quem nunca teve o prazer de contemplar a beleza da paisagem de cima, nunca encontrará motivos para subir a montanha do sucesso.
O sucesso nos espera no pódio e não na pista. Portanto, corramos a carreira que nos está proposta, olhando para o nosso alvo: Jesus – autor e consumador da nossa fé!

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