sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

NATAL QUASE PERDIDO


Uma certa noite, em uma pequena cidade do Oriente Médio, dentro de uma estrebaria um jumentinho reclamava, enquanto de perto um carneiro o ouvia dizer: -Eu não suporto mais, a nossa cidade é muito pequena e não tem mais onde hospedar tanta gente e animais. A nossa estrebaria, já está cheia, todo peregrino que trouxe o seu animal parece que resolveu lançar aqui dentro!
A vaquinha também aborrecida com tantos animais estranhos ali propôs ao jumentinho não permitirem deixar entrar mais nem um animal.
Quando de repente um ruído no portão e a vaquinha disse ao jumentinho: -Será mais um estranho e fedorento animal que vem roubar o nosso sono? Quando em meio a escura noite percebem que era um casal de pessoas que estava entrando. Então o jumentinho disse: Não! Já não basta tantos animais por aqui! E agora humanos também? Imediatamente ouviram a mulher que entrara padecendo em dores. No mesmo momento disse o jumentinho em voz baixa: -Vamos expulsar esses estranhos da nossa estrebaria, pois, do jeito que esta mulher está gemendo não vamos nem sequer conseguir dormir, e a cada momento está aumentando seus gritos. Contudo a vaquinha disse: -A idéia de expulsar quem chegasse, foi minha, mas eu falei de animais, não disse a respeito de humanos! O jumentinho disse: -Tem razão, eu concordo com você.
O carneiro se aproximou e disse: -Vamos dar uma olhadinha e saber porque esta mulher está gemendo aqui dentro, já que o lugar dos doentes é com os médicos. Ao se aproximarem do casal, os três animais levam um grande susto com o grito da mulher que silencia para dar lugar ao choro de uma criança. Assustados os animais olham um para a cara do outro. A vaquinha se anima e diz: -Eu não acredito, uma criança nasceu em nossa estrebaria, que privilégio! Questionou o carneiro: -Por que será que ela veio dar a luz entre nós?
Eles então decidiram ver a face da criança. Ao chegarem perto viram a alegria do casal que envolvia a criança em panos para aquecê-la e era um menino. -Como será o nome dele? Questionou o jumentinho, mas o carneiro falou: -Como vamos saber se os humanos não se comunicam conosco? De repente um cachorrinho entrou correndo, todo arrepiado e os animais perguntaram: O que foi que houve colega, parece que viu um fantasma? O cachorrinho respirou fundo e ainda cansado da carreira começou a falar: -Gente, vocês não sabem o que acabei de ver... E os animais disseram: fala logo e deixa de espantos! Ao que ele respondeu: -Eu estava agora pouco com os pastores nas montanhas, quando repentinamente apareceu no céu um grande clarão e um anjo reluzente falou que na cidade de Davi nasceu o Salvador do mundo, e os pastores estão vindo para a cidade procurá-lo. Admirados com a notícia, os animais olharam um para o outro e disseram em uma só voz: O quê?! O Salvador?! E o cachorrinho disse: Sim, e depois desse anjo apareceu um coro celeste de anjos que bradaram: Paz na terra e boa vontade com os homens.
Naquele momento o casal se levantou e colocou a criança na manjedoura, e o cachorrinho disse: -Quem são estes e o que estão fazendo aqui? Até agora não sabemos quem são, só sabemos de uma coisa, que esta mulher acabou de dar a luz e aí está o seu filho em nossa manjedoura. Estando eles ainda falando entrou outro cachorrinho e disse: -Gente, vamos lá fora e ver que maravilha, uma linda estrela resolveu iluminar a cidade de Belém, e ainda não desapareceu... Antes que saíssem, perceberam que a estrebaria estava sendo invadida, eram os pastores que receberam a notícia nas montanhas da Judéia. Os pastores se aproximaram da criança na manjedoura e prostaram-se e adoraram-na.
E os animais olharam um para o outro e disseram: Eu não acredito! O Salvador do mundo nasceu entre nós! E os animais começaram a comentar: Por pouco, não expulsamos eles daqui e teríamos perdido o privilégio do Filho de Deus nascer entre nós. Poxa! Por pouco não perdemos o Natal.


EGIVANILDO TAVARES

segunda-feira, 28 de abril de 2008

MUDANÇAS QUE MUDAM

EGIVANILDO TAVARES


Os dias se findam velozmente. Às vezes nem percebemos como tudo se transforma ao nosso redor. De repente nos deparamos com as mudanças que estão ocorrendo. Ainda que não transpareçamos, estamos muito insensíveis às mesmas. Um pouco de percepção e logo se desnuda uma série de mudanças que nos deixam perplexos. Parece-nos que isto se justifica porque estamos sempre olhando com os mesmos olhos, as mesmas coisas, mas nunca com a mesma visão.

Às vezes me pergunto porque permitimos que as mudanças nos atinjam. Será que somos tão incapazes de percebê-las de imediato? Ou será que não temos domínio sobre nós, ou sobre os fenômenos que nos cercam? Sempre que acordamos para o despontar de um novo dia, logo percebemos que já não somos mais os mesmos. Por que? Será que aceitar as mudanças é tudo que podemos fazer? Ou podemos tentar mudar com elas? Esta é uma questão que parece que tudo já está determinado, é como se não pudéssemos fugir da mata que se incendeia através de uma ínfima centelha em um insignificante graveto perdido entre inumeráveis galhos, troncos, folhas e árvores e vai dominando tudo silenciosamente. O determinismo fatalista parece nos perseguir de forma subliminar, mas quando nos deparamos com a razão logo percebemos que o determinismo é suplantado pela nova escolha, pois o livre-arbítrio em plena atividade é uma fortaleza para evitar a fatalidade e alterar o determinismo. Sendo assim, começamos a perceber que as mudanças não podem ser impedidas, mas podem ser alteradas.

Somos impelidos pelas garras do sistema ainda que não queiramos, pois se não, nos tirarão o direito de sobrevivência. Ou os idosos aprendem a manusear o cartão eletrônico, ou terão de confiar suas senhas a alguém que saque suas aposentadorias. É assim que o mundo gira obedecendo às leis determinadas sobre ele. Ou incorporamos o novo dia que nasce ou seremos absorvidos pelo dia que se foi. A interação das engrenagens faz parte do relacionamento mútuo das máquinas. Da mesma forma precisamos interagir com as mudanças sem perdermos a identidade. Mudanças físicas, afetivas, efetivas, psico-sociais e sócio-econômicas se manifestam continuamente obrigando-nos a uma mudança de consciência, de ponto de vista e reavaliação de valores e conceitos éticos.

Nesta plataforma das transformações não podemos cruzar os braços e nos posicionarmos apenas como espectadores. Faz-se necessário uma participação ativa, direta e firme se quisermos sobreviver. As mudanças são inevitáveis, é um fenômeno global que as desencadeia. Basta uma olhada para o dia de ontem para percebermos o quanto o mundo está mudando. Esta é a era do universalismo, da informação imediata através dos meios de comunicação mais sofisticados, da Internet, do satélite, a era da informática, do homem virtual... Tudo isto tem provocado mudanças que exigem transformações no homem, mudanças orgânicas e inorgânicas, ou seja, os efeitos colaterais que jamais poderiam se distanciar de um processo como este. É como se um vulcão entrasse em erupção causando pânico e terror para alguns e satisfação para outros que há muito vinham pesquisando-o.

Neste processo de mudanças verte-se o desequilíbrio das mentes incautas que buscam satisfazer seus apetites desordenados e ideais que maculam os paradigmas da moral divina. Estas mudanças buscam o reconhecimento universal de uma ética sem ética, pois defendem que estamos em um “novo mundo”, onde o relativismo justifica o fim. Este é o espírito da nova consciência que vem requerendo a ascensão do humanismo e o endeusamento do homem, sem se ater a um padrão imaculável.

Como encarar tamanhas mudanças? É certo que não podemos detê-las ou estacioná-las, ou ao menos congelá-las até que passe nossa geração. Fugir da realidade é impossível. Se esconder da verdade? Como? É o mesmo que tentar se esconder dentro de uma cúpula de cristal ou tentar se separar de sua sombra. As mudanças na sociedade que buscam infligir as leis da natureza e da consciência devem ser encaradas como patogenias ameaçadoras ao equilíbrio. Para nos mantermos imunes diante dessas mudanças precisamos detectar as patologias e sufocá-las com o poder da razão moral. Permitir o avanço das mazelas é o mesmo que desejar o desequilíbrio universal do gênero humano. É certo que em todo processo transformativo existem problemáticas preocupantes que precisam ser eliminadas o pelo menos detidas.

Neste cenário que se descortina uma “nova era”, estamos à procura dos atores para protagonizarem seus papéis já que os bastidores não cessam de lançar suas peças ideológicas. Subir ao palco das mudanças exige preparo, segurança, determinação e firme posicionamento pra enfrentar uma platéia obcecada pelos novos parâmetros disseminados pelos meios de comunicação. É justamente neste momento de mudanças efervescentes que se procura descobrir um lutador, que esteja apto a entrar na arena e enfrentar as feras que vem devorando os que não estão preparados para a nova realidade. Quem será este lutador? Este ser capaz de mudar a visão das pessoas? De despertar uma nova consciência? De fomentar o desejo para adaptarem-se as mudanças? De acordá-las para a nova e velha era? Não encontramos outro ser mais indicado que o educador, sim o educador, o agente da transformação, o sujeito ativo e mediador da “nova” consciência. Interagindo com o meio de uma forma imparcial buscará ele cumprir o seu papel de construtor e transformador de idéias e como ninguém constrói sozinho, nem somente com palavras, mas com atitudes e gestos nobres, esta seria a hora ideal do educador. Toda boa construção depende de um bom alicerce, um bom alicerce propicia condições para boas colunas que por sua vez garantem a estabilidade de uma grande construção. O educador tem a ferramenta certa: a educação. Começa no terreno certo: a infância.

Acreditamos não existir para o momento, alguém que possa contribuir tanto, quanto o educador, pois sem a educação não poderá haver a verdadeira mudança, a mudança do ser, pois o progresso do mundo depende primeira e exclusivamente da educação e a educação requer o educador para atingir o educando. Quando o mundo se desequilibra com as mudanças, então urge a necessidade de investir nas crianças de hoje para que possam enfrentar o dia de amanhã. Quem moldará essas vidas? Quem poderá auxiliar os desesperados? Só temos uma resposta para o momento: o educador.

Desde os primórdios que a educação tem alterado as sociedades e mudado o seu curso. Hoje não será diferente! A educação ainda é o elemento de instrumentalização da verdadeira mudança. Essas sim, são mudanças que mudam.
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ONDE ELES ESTÃO?

EGIVANILDO TAVARES



Imagine uma noite maravilhosa, abrilhantada pelas estrelas, ornamentada pela glória prateada da lua... Antes de dormir você falasse com seus vizinhos, ligasse para um/a amigo/a, colocasse os assuntos em dia e dormisse o sono mais tranqüilo da sua vida. Na manhã seguinte acordasse com a sinfonia dos pássaros, os raios do sol penetrando pelas frestas da janela e de repente essa atmosfera fosse quebrada por um grito de desespero bem distante, imediatamente outro bem próximo. Subitamente percebesse que uma gritaria estridente e desesperadora estava dominando a sua vizinhança. Quando você saísse para certificar-se do que estava acontecendo, soubesse que o filho de sua vizinha desapareceu naquela noite enquanto dormia, o curioso é que o seu quarto estava fechado, o mesmo havia acontecido com o vizinho de frente, a sua esposa havia desaparecido e o mais espantoso é que o pânico tomava conta não só do bairro, mas de toda cidade e do mundo. As notícias que corriam através dos meios de comunicação eram as mesmas, e de aspecto universal. Algo muito perplexo. Um povo havia desaparecido!
Qual a sua reação? As perguntas que viriam à sua mente nesta hora? -Onde estão? – Quem – Por que? - Para onde os levou? Ou quem sabe: - Por que não fui? Talvez este assunto esteja parecendo um discurso de ficção, ou algum filme de extraterrestres, ou alguma ideologia ufológica, na realidade não se trata nada disto, é algo muito mais profundo, é tão real quanto o calor do sol, tão profundo quanto o oceano, tão exato quanto o ar que respiramos, pois se trata do arrebatamento do povo fiel de Deus na terra, que se realizará por meio de Cristo Jesus. A palavra arrebatamento significa tiragem rápida ou inesperada, na Bíblia Sagrada está registrada a mensagem do arrebatamento, pois assim como Jesus veio cumprindo as profecias, Ele voltará outra vez para buscar o seu povo, ou seja: os que crêem, recebem e obedecem a sua mensagem.
Precisamos refletir sobre este assunto, pois está escrito na Bíblia. Os dias que estamos vivenciando se identificam com os sinais da volta de Cristo. Jesus não marcou o dia nem a hora, simplesmente nos deu os sinais que precederiam o seu retorno. Pelo que constatamos dentro desta esfera globalizada, o cenário já está montado para este magnífico evento. O avanço tecnológico, a multiplicação da ciência, o fenômeno religioso, a redução de tempo da vida, a inversão de valores, o transexualismo crescente, a indisciplina dos filhos, a desvalorização da família, a falsa axiologia... Tudo isto e muito mais nos levam a crer que Cristo está voltando. A falta de temor a Deus, a irreverência que campeia entre os guetos da prostituição, a injustiça que domina os representantes da lei, a exploração dos menos favorecidos, a desigualdade social e a contracultura que se ergue impetuosa entre todas camadas sociais
Estamos no limiar da volta de Cristo, o arrebatamento é iminente e se faz necessário nos prepararmos para este momento, não é tempo de estarmos fazendo do falso testemunho dos outros um obstáculo para não exercitarmos a nossa fé, não deixemos que espelhos quebrados roubem o nosso direito de refletir a verdade.

A suprema verdade é que Cristo está voltando, e a inverdade é, que vamos somente porque nos declaramos cristãos, não deixemos nos enganar pelos nossos corações. É necessário que aceitemos a verdade de Cristo e a incorporemos como ela é: simples, real, pura e norteadora dos nossos destinos.

A qualquer momento um povo irá sumir, e você pode está inserido neste povo, só depende de você! Ou será que pretendes ouvir a notícia que um povo, sumiu e ficar entre aqueles que estarão perguntando: -Onde eles estão?

Quem ficar certamente enfrentará as piores pragas, guerras, fomes e outras atrocidades em grau supremo. Serão dias de angústias e aflições nunca visto antes, para ter uma idéia do que acontecerá basta ler no livro do Apocalipse, dos capítulos 6 à 18. Pense nisto não queira ser um perdedor, seja um vencedor com CRISTO JESUS!

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sábado, 26 de abril de 2008

CIDADE DOS SENTIMENTOS


EGIVANILDO TAVARES


Um certo jornalista decidiu fazer uma matéria que causasse impacto, e levasse o seu nome ao “ranking” dos melhores jornalistas do país. Sua preocupação maior era levar ao povo uma notícia séria e preciosa, que, além de informar, também transformasse a vida das pessoas. Resoluto saiu à procura do tema, quando de repente surgiu a idéia de fazer uma matéria sobre o SENTIMENTO mais importante, aquele que além de atuar nas vidas das pessoas as levassem ao caminho da Felicidade. E saiu à procura da “Cidade dos Sentimentos” para iniciar sua grande matéria.

Ao encontrar a cidade avistou o MEDO, desconfiado e inseguro. O jornalista aproximou-se e fez-lhe a seguinte pergunta: -MEDO. Qual é o tipo de lugar que você mais gosta de habitar? E o MEDO meio trêmulo e temeroso respondeu: -Em todos os lugares; nos grandes centros urbanos, nas periferias, nos becos escuros, nas matas sem saída e nas esquinas, mas, o lugar que eu mais gosto de habitar é nas pessoas inseguras que não têm fé, nem esperança e o otimismo se encontra bem distante delas; são pessoas que não acreditam num futuro melhor, pensam que nasceram somente para sofrer e aceitam isto como destino. Onde houver um coração assim, eu estarei entronizado. Pois, o medo de não acertar, o medo de tentar, o medo da decepção, o medo de ser infeliz para sempre, faz com que essas pessoas criem um espaço para o meu reinado.

E saiu o repórter a entrevistar outros Sentimentos. Encontrou o ÓDIO, um Sentimento mal encarado com olhos inflamados pela ira. Meio temeroso, o repórter se aproximou e perguntou: -ÓDIO, Por que você habita nos corações das pessoas? Pois, sem a sua presença seria mais fácil resolver os problemas e a vida teria outro sentido. O ÓDIO deu um sorriso sarcástico e disse: -Aaah, eu não tenho culpa se as pessoas não se controlam, nem conversam tranqüilamente, nem se perdoam facilmente, nem admitem que seus orgulhos sejam feridos, porque preferem minha presença entre eles do que a presença da pacificação. Eu não entro onde não me convidam, mas, somente nos corações feridos e desejosos de curar o “EU” com a vingança, pois desconhecem meu adversário: o Perdão. Ele também gosta desses corações feridos, e nesta questão quem chegar primeiro é quem vai dar a solução...

Na tentativa de encontrar o Sentimento perfeito para sua matéria, o jornalista continuou a procurar. De repente encontrou a DOR, irradiada de sensações desagradáveis e horripilantes. Mais uma vez ele se aproxima e pergunta: -DOR, o que leva você se aproximar das pessoas e lhes roubar o prazer da vida? E a dor respondeu: -Ai, ai, lá vem um representante da “Dona Cura” procurando me destruir! Eu não sou responsável pelas atitudes impensadas de ninguém, nem tão pouco pela imprudência com que tratam a vida, afinal de contas estou a serviço dos acidentes, dos malfeitores, das palavras agressivas, dos que preferem abrigar os problemas dentro do peito. Eu não gosto daqueles que procuram a cura, eu amo os que me amam, os masoquistas, pois, já se acostumaram com minha presença, e acham que nasceram para conviver comigo.

A cada momento o jornalista percebia o quanto era difícil encontrar um Sentimento perfeito, porque até aquele momento só encontrara Sentimentos que descaracterizavam as pessoas. Mas de repente percebe um Sentimento de cabeça erguida, peito levantado e passos tão firmes que quase não pisava no chão, e o jornalista pensou: -Pela postura que este tem, acredito que acabei de encontrá-lo? Correu ao seu encontro e percebeu que era o ORGULHO. O jornalista não perdeu tempo, foi logo fazendo a pergunta: ORGULHO, como você consegue entrar nos corações das pessoas? O Orgulho com um olhar desprezível e jactancioso encheu o peito, respirou fundo e disse: -Sei que você não é a pessoa indicada para me entrevistar, mas mesmo assim vou lhe conceder esta honra. O meu portal de entrada nos corações é o “EU”, “Eu Posso!” “Eu Tenho!” “Eu Sou!” Quando as pessoas assumem posturas narcisistas, e pensam que sozinhas são capazes de conseguir o que desejam, se julgam superiores a todos, não admitem opiniões alheias, nem se comparam com ninguém e tratam a todos inferiores a si, e o “EU” se torna superior ao “NÓS”, então eu chego para abrilhantar o EGO.

Decepcionado com as entrevistas, o pobre jornalista sai a procura de um Sentimento que possa corresponder os pré-requisitos da felicidade. Quando de repente encontrou um Sentimento cheio de cicatrizes, estigmatizado pelo tempo, porém cheio de felicidades, aparentando uma idade avançada, mas com a força da juventude e a pureza de uma criança. Sem perca de tempo se aproximou e perguntou-lhe: -Sentimento. Qual é o seu nome? (Pois, a este nunca tivera visto antes) Serenamente o Sentimento lhe respondeu: -Por que queres saber o meu nome? Não seria mais interessante conhecer-me primeiro, e depois sabê-lo? E o jornalista admirado ao ver tanta candura na expressão, sem hesitar aceitou sua proposta. E o Sentimento chamou o jornalista para uma viagem no tempo e lhe mostrou uma série de cenas da vida. Mostrou-lhe um rei com os olhos banhados em lágrimas libertando um escravo da masmorra. E disse-lhe: -Eu sou a motivação deste ato. Mostrou-lhe duas famílias camponesas se reconciliando, e o Sentimento repetiu: -Estou nesta ação. Mostrou-lhe muitas cenas; um filho voltando para casa depois de muitos anos, uma esposa perdoando seu marido e acreditando em dias melhores. Crianças se abraçando, guerreiros transformando suas espadas em ferramentas de trabalho, um amigo dando sua vida para salvar o outro e uma jovem na primavera beijando uma flor e sonhando com a chegada do noivo das terras distantes. Mostrou-lhe o brilho nos olhos de um velhinho que oferecia abrigo e pão ao necessitado, as lágrimas que corriam nos olhos do enfermo que recebia a visita, a alegria do trabalhador que se realizava... Por último mostrou-lhe o Filho de Deus crucificado, agonizando no alto do Calvário e assumindo a culpa dos pecadores, então o sentimento afirmou: -Sou a razão maior deste sacrifício.

Após terminar aquela grande viagem no tempo o Sentimento disse: -Estou em todos os lugares, em todas as horas, em todos os tempos, meus dias são incontáveis e minhas atitudes ilimitáveis, pois, posso tirar o MEDO, eliminar o ÓDIO, sanar a DOR, e converter o ORGULHO em HUMILDADE. Eu posso todas as coisas, basta me dar uma oportunidade. Sou a razão da fé, o guia da esperança e o exercício do bem. EU SOU O AMOR!

A ODISSÉIA DO SUCESSO


EGIVANILDO TAVARES


Por volta do século IX a.C., Homero, o poeta cego escreveu um dos mais célebres épicos da humanidade, a Odisséia. A Odisséia narra a epopéia do herói grego Odisseu em seu retorno da guerra de Tróia para seu pequeno reino na ilha de Ítaca. Odisseu partiu para guerra e deixou com sua amada esposa Penélope o seu recém nascido Telêmaco. Após dez anos fora de casa e terminada a guerra Odisseu declara para Posêidon, deus do mar, que a sua vitória sobre Tróia era resultado de sua brilhante inteligência (ele foi o idealizador do cavalo de Tróia). Tal insulto a um deus tinha que ser punido, a partir daí, os deuses do Olimpo se reúne para mudar o destino de Odisseu. Quando Odisseu está contemplando a ilha de Ítaca e seus homens começam a festejar, para sua surpresa o inevitável acontece e uma forte tempestade arrasta o barco destinando-o para outra ilha desconhecida. Nesta ilha Odisseu e seus homens enfrentam o Ciclope, um gigante antropofagita de um olho só, mas estrategicamente vence o gigante e sai bem sucedido.


No coração de Odisseu pulsa um forte desejo de chegar a Ítaca e rever sua doce e incomparável Penélope e seu adorável filho: Telêmaco. No desejo de chegar ao seu lar Odisseu aborda na ilha de Circe uma feiticeira que transforma homens em animais, mas com a ajuda da deusa Atena, Odisseu consegue vencer os feitiços de Circe e continua sua navegação. Na busca do caminho para Ítaca, Odisseu vai até o hades, o mundo dos mortos, onde consulta o profeta cego Tirésia que lhe aponta o caminho de volta, mas o preço para chegar lá é alto, ele precisa enfrentar um monstro de seis cabeças que só permitirá a passagem de Odisseu se ele perder seis amigos e ainda enfrentar um terrível redemoinho gigantesco que destruirá o seu barco. Odisseu enfrentou o encanto das sereias, rejeitou a eternidade com a deusa Kalipso para poder chegar ao seu porto desejado: Ítaca. Enfrentou a fúria dos deuses do Olimpo para saber que nenhum sucesso alcançado nesta vida paira em méritos humanos. Após estas inimagináveis tragédias atracou humildemente em Ítaca, a tempo de salvar sua ilha, sua esposa e filho das mãos de uns tiranos que queriam tirar proveito de sua ausência prolongada.


A história de Odisseu representa um pouco do panorama da vida. Todos nós temos algo em comum com esta lendária história. Um pai de família que sai de uma guerra e todo o seu sonho gira em torno de uma pequena ilha, onde está o seu desejável lar. Mas para chegar aonde queremos ou sonhamos, nem sempre conseguimos como planejamos, mas se dependermos de Deus de alguma forma chegaremos aonde Ele quer que cheguemos. O importante é não perdermos a ilha de vista por causa dos imprevisíveis, nem nos entregarmos quando cairmos nas “ilhas dos gigantes” que tentam nos devorar (o inimigo), nem deixar se enfeitiçar pelos encantos do pecado, que roubam a nossa consciência por alguns instantes. Se for preciso temos que enfrentar o próprio hades, ou seja, perigos mortais sem perder o alvo. A perca de companheiros durante a trajetória é algo frustrante para qualquer um, mas jamais devemos nos deixar dominar pelo sentimentalismo e ofuscarmos o alvo. As percas não devem se constituir em desânimo para vida, mas de molas propulsoras que desafiam as nossas limitações e nos impulsionam a descobrir as nossas capacidades dentro da fraqueza. Quem tem um alvo não se deixa seduzir por nada negativo nesta vida, nem se apega a prazeres efêmeros a custa de sacrifícios de prazeres sustentáveis.


Nunca percamos de vista a nossa ilha, nunca nos esqueçamos que sem a ajuda de Deus jamais vamos conseguir. O sucesso de Odisseu foi determinado por seu reconhecimento que sem os “deuses” os homens não são capazes de vencer na vida e na sua auto-afirmação de seguir o seu propósito e resistência às intempéries da vida; ele não as ignorou, mas as enfrentou sem se deixar vencer por nenhuma delas.


A palavra Sucesso é de origem latina successu e significa aquilo que sucede, resultado, parto. Se quisermos ter sucesso na vida, ou seja, ver os resultados de nosso trabalho, precisamos resistir aquilo que não faz parte dos nossos planos e objetivos, o lado oculto da vida que nos surpreende com coisas indesejáveis e inevitáveis, o famoso imprevisível. Jesus disse: “Basta a cada dia o seu ma mal” (Mt 6.34), Ele também afirmou: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). O sábio Salomão disse: “Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio...” (Ec 7.8).


Quem nunca teve o prazer de contemplar a beleza da paisagem de cima, nunca encontrará motivos para subir a montanha do sucesso.
O sucesso nos espera no pódio e não na pista. Portanto, corramos a carreira que nos está proposta, olhando para o nosso alvo: Jesus – autor e consumador da nossa fé!

A PEDAGOGIA DO OLEIRO


EGIVANILDO TAVARES


Já visitei muitos lugares onde aprendi muitas coisas boas e significativas para minha vida, pois, acredito que não exista um lugar que não tenha algo a nos ensinar. A vida por si só já é pedagógica e nos conduz trivialmente na estrada do eterno aprendizado, mas tem um lugar que marcou-me com sua notável lição: uma olaria.

Fui convidado por um amigo para visitar uma olaria, pois havia solicitado um vaso específico e gostaria de passar algumas informações acerca daquele vaso desejado. Ao chegar lá, muito cedo, esperamos pelo oleiro e poucos minutos depois ele chegou, muito simpático, bem vestido, mãos limpas e o cabelo ainda molhado do banho do alvorecer. Entramos com ele enquanto meu amigo lhe passava alguns detalhes sobre o designe do vaso. Logo pediu licença, foi ao banheiro e voltou com outra roupa, uma bem apropriada para o seu trabalho - Uma camisa já bem desgastada, manchada, e uma bermuda velha e malhada pelo barro, padrão adequado para aquele ambiente -.

De repente o homem se destina a uma porção de argila, começa a molhá-la, apertá-la, movê-la... Insistentemente atraca seus dedos na massa e mexe, mexe até atingir um ponto desejado; depois se dirige ao torno e começa a enchê-lo com aquela argila. Neste ínterim suas mãos já haviam perdido sua cor original, já se pareciam com a argila, suas vestes começavam a receber alguns respingos de massa enquanto as movimentava. Fiquei observando atentamente como ele aplicava aquela argila que por diversas vezes queria fugir da forma que desejava lhe dar, mas insistentemente ele persistia na ação de modelar até que a massa foi se ajustando no torno. Aos poucos aquele barro informe começou a receber uma forma cilíndrica, cuidadosamente com o dedo polegar ele fez um orifício na parte superior do cilindro e seguiu o processo. As mãos do oleiro estavam em pleno movimento de baixo para cima.

Atenciosamente aquele oleiro foi trabalhando aquela argila como se nada existisse ao seu redor, de quando em quando um pingo de massa aqui, outro ali, uma pequena mossa no formato, mas ele não perdia nada de vista e foi acrescentando cada detalhe até lhe proporcionar a forma final.
Depois de um seqüenciado processo de paciência, dedicação, habilidade e perfeccionismo, aquele notável vaso estava praticamente definido aos nossos olhos. Com muita diligência agora o oleiro lança mão de um arame e o separa da superfície do torno, espera secar e em seguida o leva para o forno. Este estágio agora é com o fogo. A argila precisa ser cozinhada para preservar a forma que recebeu no torno. No forno além de se endurecer e definir de uma vez a forma que foi dada ao vaso, também lhe dá uma nova cor, que após sair de lá só basta um banho de verniz e pronto. O oleiro marcou o tempo no relógio para que não queimasse demais e colocasse a perder, pois tudo deve ser feito com muita disciplina para não jogar todo trabalho realizado fora. No momento certo retirou o vaso e nos aproximamos daquele objeto ainda quente e lá estava o vaso prontinho para ser utilizado no seu fim desejado.

Aquele trabalho me fez refletir sobre o processo educativo de como formar uma criança. Pois, assim como aquele oleiro precisou mudar suas vestes ao chegar à olaria e deixar-se melar pela massa, ou seja, envolver-se a tal ponto de suas mãos parecerem-se com o próprio barro, faz-se necessário que os pais, os primeiros educadores e os profissionais da educação mergulhem no mundo da criança e interajam em tal proporção que a linguagem se torne compreensível. No processo formativo de uma criança, a persistência é imprescindível naquilo que ensinamos. As crianças às vezes assimilam no instante o que ouvem, mas não aprendem, e é preciso que se repita a mesma coisa diversas vezes de diversas formas, até que se forme o conceito de certo e errado em seu ser.
A criança é como a argila para se modelar, o oleiro precisa lhe dar a forma e como a massa está mole às vezes a práxis se torna difícil, pois facilmente se desmancha, mas, paciente e perseverantemente ele torna a repetir a ação até atingir a forma proposta. A grande dificuldade no processo ensino-aprendizagem paira justamente aí, porque muitos educadores se esquecem que as crianças estão em fase de desenvolvimento e que a massa ainda não recebeu a forma final e que até chegar a hora de ir para o fogo e definir o seu modelo, há uma certa resistência da massa nas mãos do oleiro.
Educar exige habilidade, amor, perseverança e muita dedicação. Não se educa buscando resultados imediatos, nem com medo de colocar as mãos na massa. É preciso insistir com a massa, corrigir as mossas e imperfeições, ou seja, disciplinar e orientar para formar o cidadão do amanhã. O oleiro que desistir de um vaso só porque sua massa é difícil de se modelar, nunca conseguirá levá-lo ao forno e por fim nunca conhecerá sua utilidade na sociedade. Se quisermos cidadãos ativos e produtivos, conscientes de direitos e deveres e livres para julgar o que é certo e errado, precisamos aprender a Pedagogia do Oleiro.